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O telhado de vidro dos atletas nas redes sociais

  • Lorenna Vargas
  • 18 de nov. de 2017
  • 4 min de leitura

Mesmo existindo há quase cinquenta anos, a internet é considerada jovem. Porém, pode-se dizer que ela começou a fazer parte efetivamente da vida da população no início dos anos 2000. Por essa razão, a sociedade ainda está se moldando ao comportamento virtual. Criado no fim dos anos 90, o primeiro site – conhecido como a primeira rede social - foi o SixDegrees.com. A plataforma já era considerada moderna ao permitir que usuários construíssem um perfil, adicionassem integrantes à rede, e pudessem interagir entre si; em um modelo muito parecido com o que temos hoje.

Após o boom das redes sociais, o uso dessas ferramentas está cada vez mais presente no mundo esportivo por meio de instituições, clubes e – especialmente - dos atletas. Ao criar um perfil no Instagram, Facebook ou no Twitter, por exemplo, o esportista cria formas de exposição, seja na busca por popularidade, proximidade com fãs ou admiradores, ou na divulgação de sua marca e imagem.

Com a caracterização de uma oportunidade para que os atletas interajam com seus fãs, ou apenas torcedores dos clubes e agremiações nas quais se encontram, são os torcedores que mais tiram proveito desse instrumento, não apenas pelo contato direto com seus ídolos, mas também pela possibilidade de estarem inseridos na vida desses profissionais que defendem suas cores seja em campos, quadras ou ginásios. Além disso, torna-se possível encontrar pessoas que partilham dos mesmos interesses. “É por meio da internet que nós, fãs, podemos conhecer outras pessoas que compartilham dos nossos gostos, além de fazer com que estejamos mais próximos dos nossos artistas e atletas preferidos. As redes sociais são incríveis para que todos os fãs e seus ídolos criem uma relação mais estreita”, comenta Danieli Lima, usuária assídua das redes.

(Foto: Divulgação)

Contudo, não é só amor que transita nas relações online. O ódio também é disseminado e pode ser detectado em qualquer tipo de postagem, principalmente se o atleta destaque no meio. Os chamados "haters" são responsáveis por essa propagação de ódio gratuito que é encontrado na web. Eles são internautas que miram um assunto ou uma pessoa específica e começam a atacar.

Foi o que aconteceu com o saltador britânico, Tom Daley, que se tornou vítima de um usuário no Twitter nas Olimpíadas de Londres, em 2012. A mensagem recebida tratava de um assunto pessoal na vida do atleta, ao falar do seu pai, que havia morrido em decorrência de um tumor cerebral em maio de 2011. “Você desapontou seu pai, espero que tenha consciência disso”, dizia. Daley ficou em quarto lugar na competição de saltos para a água, categoria derivada do salto sincronizado na plataforma de 10 metros.

Jim Thurston

Após o ocorrido, o adolescente de 17 anos que administrava o perfil se desculpou em entrevista à BBC Online “Desculpa. Apenas queria que você tivesse ganhado os Jogos Olímpicos. Estou chateado por não termos ganho. Lamento, Tom, aceita as minhas desculpas." O jovem foi chamado para interrogatório e acusado de "transmissão de comunicação maliciosa".

O diretor executivo do Ibope, José Colagrossi, destacou ao Papel do Holanda a função dos veículos tradicionais na disseminação da informação. “Quando um jogador dá um depoimento na rede, ele decide o que publicar. Isso não substitui a entrevista, onde ele não tem o poder de escolha sobre o que responder. As mídias sociais e tradicionais se complementam.”

ENTREVISTA

É sobre essa relação entre atleta e público que conversamos com Antonio Alexandre dos Santos, conhecido por Tonheira, jogador do Náutico entre 1967 a 1974, mas que também passou por outros times pernambucanos, como o América Futebol Clube e o Central.

(Foto: Arquivo Pessoal/Lorenna Vargas)

LUDUS: Quais as principais diferenças no meio futebolístico de antigamente para os dias atuais, com o uso da internet?

Tonheira: Os meios de comunicação, com certeza. As reportagens eram mais direcionadas às matérias de jornais, o meio de comunicação era pouco vasto, o foco era só daquele jogo, no momento, quando acabava a partida, não se falava mais. Hoje em dia o mundo te conhece, você é visto por milhares de pessoas ao mesmo tempo e antes tudo era muito localizado, era regional.

LUDUS: E quanto às críticas por parte dos torcedores?

Tonheira: As pessoas criticavam bastante. Quando a gente jogava mal, seja por falta de treinamento, ou por questões pessoais, os torcedores não pensavam duas vezes antes de vaiar, era a forma deles de mostrar insatisfação. Quando eu joguei pelo Central por 3 anos, no primeiro mês eu cheguei muito machucado e o técnico mandou eu jogar mesmo assim. Eu fui xingado, muito vaiado, a torcida esperava de mim uma coisa e eu dei outra.

(Foto: Arquivo Pessoal/Lorenna Vargas)

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LUDUS: Como você lidou com essa situação?

Tonheira: Aquilo me afetou muito. Eu chorava de raiva, mas eu decidi levantar a cabeça e melhorar o máximo que eu podia. Fui aos poucos sendo aplaudido, virei capitão e cheguei ao ponto de ser um dos jogadores mais caros do clube.

LUDUS: Você acha que existe diferença entre as críticas de antes e a de hoje em dia feitas nas redes sociais?

Tonheira: Acredito que sim. Na minha época, as críticas eram feitas positivamente, serviam de incentivo, era uma forma das pessoas mostrarem que você não produziu o suficiente e tinha condições de render mais. As críticas lhe acrescentavam em algo. Atualmente, existe mais ódio gratuito, sem fundamento, apenas para diminuir o valor do jogador. Eu digo que são pessoas ruins por trás de telas, com baixo autoestima, querendo se sentir melhor diminuindo os outros.

(Foto: Arquivo Pessoal/Lorenna Vargas)

Hoje, 50 anos depois, Tonheira carrega consigo vários títulos, lembranças do que passou, e uma participação marcante na história do futebol pernambucano.

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