Minha primeira vez
- Yasmin Nascimento
- 4 de dez. de 2017
- 2 min de leitura

(Foto: Pexels)
Dez anos. Essa era minha idade ao assistir pela primeira vez a uma luta de boxe. Uma criança que não fazia ideia que um esporte tão violento quanto este existia.
Primeiro dois homens bateram as luvas, em sinal de cumprimento. E, logo após, um deles, o que estava com short vermelho, levou um soco cortando o supercílio. O sangue escorria pelo seu rosto. De primeira, fiquei bastante agoniada com a cena. Mas parece que o lutador não ligava muito, ele continuou ali, afinal estava só no comecinho da luta e ainda viria muita coisa pela frente.
O segundo round começou e mais um corte no supercílio, agora do adversário. Mais sangue no ringue, e quase que o de short vermelho caía.
Agora, um pouco mais esbaforidos, os atletas lutavam contra o cansaço. Os dois queriam ganhar. Mais um golpe aplicado, mais sangue escorrendo. Eu já não aguentava mais minha primeira experiência assistindo a um esporte tão agressivo. Me perguntava como as pessoas pagavam para assistir dois homens quase se matando. Outro golpe e mais sangue. Minhas mãos já estavam no rosto, tentando apagar da minha memória tudo que estava vendo. Outro golpe e o supercílio do lutador de short preto abriu mais um pouco. Dava para ver o nervo saindo por sua pele. Meu pai e meus tios vibravam com toda aquela cena, afinal, eles estavam torcendo para o de short vermelho.
Faltava pouco para acabar a luta. Menos de trinta segundos e o vermelho levaria o cinturão. Meus primos de quinze anos estavam bastante atentos a tudo que acontecia. Um deles não parava de comer, aparentemente nervoso com a luta. Um golpe no queixo desestruturou totalmente seu adversário, abrindo uma vantagem sobre o cansaço.
Uma abertura de guarda do lutador de short preto foi à oportunidade para o golpe final do lutador de short vermelho. Foi ali, com um golpe na lateral do rosto, que o adversário veio ao chão. Nocaute. O lutador de short vermelho venceu. Todos na sala da casa gritaram comemorando. Eu gritei de felicidade. Finalmente o momento mais agoniante de minha infância tinha acabado.
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