O sangue da inclusão que corre nas veias do esporte
- Poliana Simões
- 3 de dez. de 2017
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HISTÓRIA
Os esportes adaptados para pessoas portadoras de necessidades especiais tiveram início na cidade de Aylesbury, Inglaterra. Quando o Centro Nacional de Lesionados Medulares do Hospital de Stoke Mandeville foi criado pelo neurologista de origem alemã, Sir Ludwig Gutmann, a pedido do governo inglês, o objetivo era tratar homens e mulheres do exército britânico feridos na Segunda Guerra Mundial. O trabalho de reabilitação era baseado no esporte e não buscou somente a recuperação clínica, mas também criar novas possibilidades para aquelas pessoas. Outra corrente, vinda dos Estados Unidos, utilizava o esporte como meio de inserção social.
Essas duas correntes no decorrer da história se cruzam, formam e criam objetivos comuns: o que no inicio era apenas um componente médico-terapêutico, passou a ser uma pratica esportiva que procurava a interação do atleta e sua reabilitação na sociedade.
Mesmo já havendo esportes adaptados para deficientes na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, foi apenas no ano de 1948 que esse conceito ganhou caráter oficial. Os médicos começaram a usar a parte sistemática dos esportes, como parte da reabilitação medica e social dos pacientes.
(MATTOS, 1990; VARELA, 1991; MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005; GORGATTI; GORGATTI, 2005)
(Revista Educação Especial e Reabilitação, Lisboa, v. 1, n. 5/6, jun. 1989)
Hoje
Hoje, os Jogos Paraolímpicos são a fase máxima do esporte de alta competição entre pessoas deficientes, pois participam os melhores atletas. O Brasil conta com várias associações que fazem parte do Comitê Paraolímpico Brasileiro e que programam e promovem o desporto de alto rendimento para as respectivas áreas, são elas: Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC), Associação Brasileira de Desportos para Amputados (ABDA), Associação Brasileira de Desporto em Cadeiras de Rodas (Abradecar), Associaçao Nacional de Desporto para Excepcionais (Ande) e Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais (ABDEM).

No país, o Ministério do Esporte criou um programa no estado de Pernambuco que promove a inclusão social de pessoas com deficiência através das práticas esportivas. O projeto acontece na cidade de Olinda e quem procura o Núcleo de Esportes para Pessoas com Deficiência, pode participar das aulas de atletismo, natação, xadrez, tênis de mesa; além de modalidades em equipes, como por exemplo, basquete sobre rodas, futsal, voleibol sentado e hóquei sobre o piso. O programa funciona com recursos que vêm da Lei de Incentivo ao Esporte (LIE). Todas as categorias as categorias são divididas entre crianças, adolescentes e adultos. Os idosos com mais de 60 anos, também podem participar.
Segundo o Ministério do Esporte, esses números mostram, em porcentagem, o aumento de deficientes físicos que praticam algum tipo de esporte, segundo pesquisa realizada pelo site IG. Esse número teve grande alta menos de um ano após os Jogos de Londres de 2012.
LEI
A Lei de Incentivo ao Esporte foi regulamentada em 2007 e desde então oferece acesso a prática esportiva e gera bem-estar, qualidade de vida e inclusão, principalmente para aqueles que possuem algum tipo de limite físico ou psicomotor.
Em entrevista ao site do Comitê Paraolímpico Brasileiro (cpb.org.br), o ex-presidente do Comitê Paraolímpico brasileiro, Andrew Parsons, afirmou que o esporte pode ser uma ferramenta de muita importância na comunicação para qualquer empresa, de qualquer ramo. Existe uma série de atletas, federações, clubes e confederações que representam uma grande oportunidade. Ainda segundo Andrew, um dos exemplos mais importantes da eficácia da Lei de Incentivo ao Esporte dentro do espaço paraolímpico, é o voleibol, pois foi a modalidade que conseguiu através de recursos, vindo da Lei de Incentivo, triplicar seu o seu orçamento anual; sendo, desta forma, realizadas mais competições, além da melhora na estrutura e qualidade de treinamento. “A ferramenta está na Lei de Incentivo. Os atletas estão aí, e precisam do apoio, e por que não o esporte paraolímpico? O esporte paraolímpico representa um Brasil que vence, se supera e conquista”, afirmou Andrew Persons.
COMPETIÇÃO LOCAL

Mauricio Faustino na 5 Corrida Eu Amo Recife
Em Recife, aconteceu a 5ª Corrida Eu Amo Recife, realizada pela Prefeitura da cidade. Nesse ano, a largada foi realizada no Forte do Brum. Um dos participantes dessa competição foi Mauricio Faustino, com 39 anos e cadeirante. Segundo Mauricio, a corrida foi uma das formas que ele encontrou para se inserir na sociedade novamente. “O esporte, no geral, já é uma pratica que transforma qualquer ser humano em um ser melhor. No meu caso, eu escolhi a corrida de rua, inspirado no meu irmão, que me ajudou desde o início quando eu ainda não tinha habilidade - nem força - para conduzir sozinho a cadeira de rodas. Quando eu peguei o jeito, não quis mais parar. Me inscrevi na primeira corrida oficial, há 12 anos atrás. É através desse esporte que eu me considero uma pessoa normal e com saúde” conta Mauricio.
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