Arena Pernambuco: útil ou elefante branco?
- Flaviana Silveira
- 22 de nov. de 2017
- 3 min de leitura
A Arena Pernambuco, localizada no município de São Lourenço da Mata (Região Metropolitana do Recife), começou a ser construída em dezembro de 2010 e ficou pronta em maio de 2013, com capacidade para 46 mil pessoas. Além do futebol, a Arena possui um forte potencial multiuso. [if !supportLineBreakNewLine] [endif]

Foto: Divulgação
Apesar de ter sido palco de duas finais da Superliga Nordeste de Futebol Americano, de jogos da Copa das Confederações e até da Copa do Mundo, além das habituais partidas do Clube Náutico Capibaribe para muitos o local não passa de um “elefante branco” no meio do nada. O Secretário de Turismo, Esportes e Lazer do Estado, Felipe Carreras, tem buscado outras finalidades para o lugar. Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o secretário afirma que “a Arena Pernambuco vem, cada vez mais, abrindo suas portas para novos eventos, desenvolvendo seu potencial multiuso. A prova disso é o Domingo na Arena, Arena Radical, eventos corporativos, entre outros”.
O projeto Domingo na Arena foi criado com o intuito de oferecer à população uma opção de lazer nos domingos em que não houver jogos ou eventos. A Arena é aberta para que a população possa praticar as mais variadas atividades esportivas e culturais.
De acordo com o site do estádio, o projeto já recebeu mais de 100 mil pessoas desde o início, em julho de 2016.
Com esse projeto, muitas pessoas conseguem ter um momento de lazer em família num espaço público, apesar da crescente onda de violência no estado. O advogado Jorge Passos, de 35 anos, elogia as saídas encontradas pelo Governo do Estado para o “abandono” do estádio. “A Arena Pernambuco é espetacular. Já tive o prazer de assistir a uma partida de futebol e aos domingos a mesma é aberta ao público para visitação. O Governo do Estado fez uma coisa boa no local. Aos domingos, quando não têm jogos, o local é uma festa. Tem lugar para andar de patins, bicicletas e muitas atrações para as crianças e os adultos.” [if !supportLineBreakNewLine] [endif]

Foto: Divulgação
Outras pessoas, como é o caso do empresário Mário Maia, 49, têm uma visão diferente e criticam a edificação do estádio. “É uma construção muito bonita e bem elaborada, porém sem necessidade, pois a Arena, quando não tem nenhum evento grande ou algum tipo de jogo, fica abandonada. Aquele ‘elefante branco’, como muita gente que eu conheço fala, foi apenas mais um gasto de dinheiro público”, afirma. Há suspeita de superfaturamento nas obras do estádio. O ex-diretor superintendente da Odebrecht no Norte-Nordeste, João Pacífico, delatou um esquema de fraude na licitação do estádio. O depoimento do executivo, um dos 78 nomes da construtora que fizeram delações premiadas, indica um acordo entre as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, responsáveis pela construção do estádio.
Outro ponto bastante criticado é a acessibilidade ao local. As filas intermináveis para chegar e sair do local, trânsito lento, lotação nas estações do metrô e dificuldade para pegar ônibus e táxis são as principais queixas. Alguns chegam ao campo com o jogo já em andamento, outros desistem no meio da viagem. Para a estudante de arquitetura Ana Carolina, a Arena “é ótima, aconchegante, organizada... Não tem igual. Minha primeira experiência em um estádio desse porte. Não pude ir durante a Copa do Mundo. Arena impecável, tudo perfeito. O ponto negativo é apenas o acesso, [que] é longe da maioria dos bairros centrais da Região Metropolitana do Recife. As filas quilométricas de carros, porque, como temos que pegar a BR, junta com as pessoas que estão indo para os interiores, então o engarrafamento é gigantesco. Fora o preço do estacionamento, que é um preço altíssimo. Não tem ônibus direto para a Arena e se você for de metrô é sempre superlotado. Horrível”, conta, em tom de desabafo.
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