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E-sports: modalidade que vai mudar a forma de pensar sobre jogos eletrônicos

  • Marcos Lacerda
  • 23 de nov. de 2017
  • 6 min de leitura

Staples Center com 15 mil torcedores para a final do mundial League of Legends. Mapa do jogo foi reproduzido no centro do palco. Foto: Divulgação / Riot

Campeonatos, atletas, prêmios milionários e muita emoção. Isso tudo acontece nas disputas de jogos online, conhecido como “e-sports”, que conquista os jovens com disputas acirradas, estabelecendo recordes de público nas transmissões via internet - em média 50 mil pessoas - e em campeonatos presenciais, que chegam a ter público de 15 mil espectadores.

Conhecido como jogo de estratégia em tempo real, o e-sport surgiu na Coreia do Sul e virou oficialmente uma modalidade competitiva a partir dos anos 2000. Hoje, já tem alcance mundial com grandes equipes, relevantes campeonatos, prêmios milionários e jogadores que chegam a receber um salário de até 2 milhões de dólares.

Além do continente asiático, que foi o pioneiro na área, outros dois grandes territórios já são dominados pelo e-sport: o norte-americano e o europeu. Há jogadores que conseguem vistos de viagem para essa modalidade esportiva, o que mostra o crescimento e relevância da competição. É esperado para o balanço de 2017 que o lucro seja o dobro do ano passado, que atingiu os 696 milhões de dólares. Os maiores torneios são transmitidos na internet com milhões de pessoas do mundo inteiro conectados. Nas etapas presencias, que têm direito a narradores oficiais, milhares de pessoas e fãs vão acompanhar, gritar e torcer para seu time preferido.

12 mil pessoas assistindo a final brasileira do jogo League of Legends de 2015, no estádio Allianz Parque, em São Paulo. Foto: Leonardo Benassatto

No Brasil não é diferente. Dados de 2014, um ano depois do esporte virar febre no país, a Riot Games, empresa responsável pelos campeonatos de League of Legends, jogo de estratégia onde dois times se enfrentam e têm que destruir a base do time inimigo, divulgou uma movimentação de mais de 500 mil reais em menos de um ano, e que no ano de 2016 movimentou mais de 1,8 bilhões.

Ainda no País, uma transmissão online já ultrapassou o número de telespectadores do jogo Corinthians, que jogava um clássico contra o time do São Paulo, em jogo transmitido ao vivo pela Rede Globo. O campeonato mundial de 2015 superou a audiência da NBA, campeonato de basquete americano, com 334 milhões de espectadores. Normalmente os jovens e adultos de hoje preferem ir para a frente da telinha e assistir seu time de coração; ou comparecer onde acontece tudo ao vivo.

A final presencial do ano de 2015, do “LOL”, nome popularmente conhecido do jogo League of Legends, foi realizada no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Foi a primeira final de jogo eletrônico de grande nível que um estádio de futebol recebe no Brasil, que já chegou quebrando recordes. O evento contou com o terceiro maior público em campeonatos presenciais, superando campeonatos tradicionais e chamando a atenção de empresas para investir no e-sporte brasileiro. Um ano depois o campeonato teve a final transmitida pelo SporTV, canal de TV por assinatura, e atingiu 1,4 milhões de espectadores. Com o sucesso, a rede assinou contrato com a Riot para transmitir todas as partidas do ano de 2017 no Brasil. Outras empresas vêm investindo no ramo, muitas patrocinam os times e oferecem grandes contratos. Algumas dessas são: Visa, Rezer, CNA, FISCH, Philips. Ocorre, também, de empresas patrocinarem apenas um jogador, que geralmente é o melhor da equipe.

Com esse crescimento rápido do e-sports no Brasil, surge também o conceito de Gaming House. O termo é utilizado por uma casa formada pela organização de esportes eletrônicos, feita para que os jogadores morem e treinem seus respectivos modelos de jogo. As organizações montam Gaming Houses pois os melhores jogadores são de muito longe, outras cidades ou até mesmo de outro país. Com os custos para montar uma “GH”, o processo não é fácil. Alguns times chagam a gastar cerca de 200 mil reais por ano com treinadores, analistas e psicólogos para que os jogadores não saiam do “eixo”, mas mesmo assim acontece várias desavenças, por motivo da convivência de muitas pessoas na mesma residência e por um longo período.

Como é um local de trabalho, as casas geralmente têm empregados e cozinheiros que cuidam de toda parte operacional. Porém todos os jogadores têm suas obrigações dentro da casa – que não se restringe a apenas jogar. Eles têm horários para dormir, tomar banho, comer e lavar seus próprios pratos.

Giovanni Frederici, Coordenador de E-sports da Pain gaming, conta que comandar uma casa com muitos adolescentes é muito difícil por causa do desgaste emocional e a distância “A convivência de adolescentes morando numa casa propicia a melhora da performance e depois rola um desgaste. O emocional passa por muitos altos e baixos: um dia estão empolgados, outro precisam de afeto por estar longe da família. ”

As Gaming Houses são bancadas com recursos próprios e por dois tipos de empresas, que geralmente estão envolvidas no cenário, como fabricantes de equipamentos utilizados pela equipe: patrocínio máster nas camisas do time além de ações de mídias semanais com os jogadores na GH, por exemplo.

Quem sonha em ser um jogador profissional quer – com toda certeza - morar em uma Gaming House. Porém, antes de mudar para lá, todo jogador tem sua história, deixando para trás familiares, amigos e namorados ou namoradas, em troca do sonho que é virar um jogador profissional. Muitas vezes o preconceito da população por não aceitar os jogos eletrônicos como um esporte, em um país onde o futebol é o esporte dominante, é um problema.

PERSONAGENS MARCANTES

Jogadores como Gabriel “Kami” Bohm e Felipe “Brtt” Gonsalves são pioneiros do e-sport no Brasil. Gaúcho de apenas 21 anos, Gabriel Bohm, conhecido como Kami, é um dos únicos atletas brasileiros com fama internacional e também o jogador mais caro de League Of Legends do país. Quem quiser tirar o Kami do time onde joga tem que desembolsar uma quantia de 1 milhão de reais. Com milhares de fãs e uma própria marca de roupa, o jogador consegue render cerca de 20 mil reais por mês.

jogador Gabriel “kami” Bohm

Filho único, Gabriel “Kami” nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul e – como a maioria dos jogadores - começou cedo com os games: logo aos 3 anos de idade. Foi nessa idade que ele ganhou o primeiro jogo portátil da mãe, Sandra Bohm, que o acompanha na carreira até hoje. Com a mãe trabalhando como agente prisional do estado e – às vezes - tendo que passar dias fora de casa, Gabriel, por volta dos 10 anos de idade e com muito tempo livre, encontrou nos jogos uma ótima maneira de passar o tempo. Não demorou muito para que esse tempo jogando por pura diversão se transformasse em profissão. O responsável por essa transição foi seu amigo Gabriel, o “Mit”, que o acompanha até hoje no mesmo time: Pain Gaming. Com 15 anos, em 2015, Kami participou do seu primeiro campeonato de game.

Dois anos depois veio o convite que mudou sua vida: a Pain Gaming estava inaugurando no Brasil uma Gaming House. Gabriel não pensou duas vezes e deixou a mãe e a vida que levava em Florianópolis, para criar história na Pain, que hoje é a equipe mais vitoriosa do cenário brasileiro de League of Legends.

Hoje, ele tem mais de um milhão de seguidores em suas redes sociais e já jogou o campeonato mundial com sua equipe. Kami conta que na época que começou a jogar não pensava que ia tomar toda essa proporção. “Era apenas um jogo colorido onde você tinha que destruir a base do time inimigo e quem jogasse melhor ganhava. Até o momento que percebi que isso não é apenas um joguinho.”

Jogador Felipe “Brtt” Gonsalves

Já o moleque marrento Felipe “Brtt” Gonsalves, tem muito com o que se orgulhar na sua caminhada. Com uma bagagem de títulos de dar inveja a qualquer um jogador, ele e seu ex-companheiro de clube, Kami, conquistaram dois CBLoL (maior campeonato brasileiro de League of Legends) na equipe da Pain Gaming. Chegaram, juntos, ao topo dos campeonatos internacionais, tendo a oportunidade de representar o Brasil ao redor do globo terrestre. Para Felipe “Brtt”, para chegar onde chegou, ele precisou enfrentar muitos obstáculos e críticas negativas por ele ser uma pessoa que não costuma esconder nada. “Se é para gritar eu grito. Eu chamo meu time para cima e provoco também”.

Na infância, Felipe chegou a faltar aula para jogar nas lan houses da Vila da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro, causando diversos problemas com sua mãe. Até que seu avô, mesmo não gostando que ele dedicasse tanto tempo aos jogos, comprou a ideia do neto e o presenteou com um computador. O primeiro de Felipe. A fase mais difícil do “Brtt”, foi na época em que foi descoberto que seu avô tinha câncer. Mesmo com doença, ele não parou de trabalhar para que seu neto conseguisse realizar seus sonhos. Por essa razão, Felipe “Brtt” tem tatuado na sua mão direita a frase “nunca abaixe a cabeça”. Neste mesmo período ele foi chamado para jogar um campeonato e teve que se mudar para São Paulo, local onde seria realizado o campeonato. Em 2015, quando ele foi campeão pala sua segunda vez, ele postou em uma de suas redes sociais uma frase que está fixa até inalterada até hoje: “ Vô, eu consegui”.

Felipe conta com uma grande base de fãs: são 478 mil seguidores no, Twitter, por exemplo. Atualmente, Felipe é o jogador mais velho do cenário, com 26 anos, em um campeonato onde os jogadores têm entre 17 e 21 anos, em média.

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