O AMOR ACABOU? A RELAÇÃO ENTRE O PÚBLICO BRASILEIRO E A FÓRMULA 1

Imagem: REUTERS/Laszlo Balogh

A Fórmula 1 vem perdendo cada vez mais o público brasileiro. De todos os eventos esportivos exibidos da Globo, a F1 foi a que perdeu mais audiência ao longo dos anos. Uma parte disso deve-se ao fato do Brasil não ter um piloto ganhando corridas e se destacando, e, agora, com a saída de Felipe Massa, a categoria não terá um piloto brasileiro pela primeira vez em 48 anos, desde a estreia de Emerson Fittipaldi em 1970.

Foto: Gett Images

Luciana Sampaio, 43, acredita que a F1 perdeu a graça quando Ayrton Senna morreu. Para ela, além de ser um campeão, ele era carismático e fazia com que os brasileiros gostassem de F1 tanto quanto futebol. "Era um espetáculo, todo mundo assistia, era um programa obrigatório", declara. "Acho que ter um campeão nacional é que era o grande motivador para a grande audiência".

Jader Lacerda, 43, concorda que na época de Ayrton Senna a Fórmula 1 possuía uma atmosfera diferente, e não apenas por ser brasileiro, e sim por ser, acima de tudo, um campeão. "Quando Senna corria, você tinha que ver. Era o mesmo que uma partida da seleção brasileira. Em dia de domingo, em que tinha corrida, todos faziam suas programações com base no horário da Fórmula 1. Era dia de emoção, dia de felicidade, porque todo mundo sabia que ele ia chegar em primeiro, ou pelo menos se destacar chegando entre os três primeiros", conta Jader.

Foto: Gett Images

Ele acredita que a saída de Felipe Massa não vai trazer grandes mudanças, considerando o desempenho atual do piloto. "Assisto a Fórmula 1 pelo simples fato de gostar do esporte, e obviamente seria melhor ainda se continuássemos com um representante brasileiro, mas irei continuar acompanhando a F1 independentemente disso".

O público jovem que acompanha a competição atualmente, não tem um referencial brasileiro no esporte. Mariana Menelau, 14, acha desapontador não ter nenhum competidor brasileiro participante, ainda mais depois de tanta história que Ayrton Senna fez e de todo legado que ele deixou. "Parecia que, depois dele, as pessoas começariam a ver e se encantar do mesmo jeito que ele fez", opina Mariana. "É importante ter um representante de seu país, para que as pessoas sintam que possuem sua marca naquele esporte", acrescenta.

Porém, Mariana torcia para Felipe Massa apenas por patriotismo. Sua verdadeira torcida era para a equipe da Mercedes, direcionada para o piloto inglês Lewis Hamilton. "O que me atrai na Fórmula 1 é, principalmente, ver as tecnologias dos carros. Eu sempre gostei muito de entender como os motores funcionam, como até mesmo o design de cada carro influência no desempenho, sem esquecer a tensão e o desconhecido que vem em cada curva", declara Mariana.

Bernard Amaral,15, é apaixonado por Fórmula 1 desde criança e diz que, para uma pessoa que ama o esporte, não é necessário ter um competidor da sua nacionalidade para fazer você torcer e acompanhar, basta ter uma boa disputa. Mas reconhece que ter um bom piloto brasileiro contribui para o esporte. "Um brasileiro na Fórmula 1 é importante para que o esporte ganhe visibilidade no país e que o segmento tenha investimento, e ter um brasileiro traz investimento para que o esporte possa crescer e formar novos campeões", afirma. Bernard também cita o exemplo do tênis, que, depois da aposentadoria de Guga, o Brasil perdeu o interesse pelo esporte e consequentemente perdeu-se o investimento em novos atletas.

A audiência que vai permanecer na Fórmula 1 é composta de apaixonados pelo esporte, independentemente de ter um brasileiro competindo. Para chamar a massa para as telas da TV todo domingo, será preciso uma nova era de investimentos em novos atletas, tanto na técnica e tecnologia, como no marketing pessoal do piloto.

#fórmula1 #corrida