Cássio Zirpoli: “Não é um livro do Sport. É um livro sobre um campeonato polêmico, que termina com o

No dia 06 de novembro de 2017, os jornalistas André Gallindo e Cassio Zirpoli lançaram, no Recife, o livro “1987: de fato, de direito e de cabeça”. A publicação tem o prefácio do também jornalista Tino Marcos e traz toda a história do Campeonato Brasileiro de 87, que consagrou o Sport como campeão brasileiro, mas que rendeu, e ainda rende, batalhas na justiça. No centro da polêmica, o rubro-negro pernambucano e o Flamengo. Os módulos Amarelo e Verde.

Time do Sport 1987

Time do Flamengo 1987

No entanto, engana-se quem pensa que a obra se resume ao Campeonato Brasileiro em si. Vai muito além. O livro transita desde a criação do já extinto Clube dos 13 ao acordo a respeito do regulamento da competição, que firmava que os times do Módulo Amarelo, os considerados menores, fizessem um cruzamento com os times maiores, do Módulo Verde; além de entrevistas com personagens como Tite, Arnaldo Cézar Coelho, Márcio Braga, Eurico Miranda, Homero Lacerda e Zico; contemplando também o veredito dado pelo Superior Tribunal Federal, que decretou o Sport campeão.

“Todos os documentos estão no livro. Inclusive o documento de defesa do Flamengo. Colocamos o QRCode do regulamento e da sentença do STF (Superior Tribunal Federal). A pesquisa da gente abrangeu todo mundo que estava envolvido. Flamengo, jornais do Rio. Internacional, jornais de Porto Alegre. Guarani, que estava no grupo do Sport, jornais de Campinas. Jornais de São Paulo, por ser o centro econômico mais importante do país. Por exemplo, essa assinatura de regulamento que as pessoas dizem que não aconteceu, a gente tem a foto do acordo, e a foto é da agência do Globo”, afirmou Cassio.

“De fato, de direito e de cabeça” resume bem o propósito dos autores, que era, através de relatos e fatos contundentes, deixar claro que o Sport tem total direito de abrigar a Taça das Bolinhas; além de acabar de vez com a incerteza – ou falta de informação - de algumas pessoas em relação ao título do Leão. Algumas histórias curiosas também são contadas ao longo das 300 páginas do livro. Como por exemplo, o caso do árbitro que sofreu intimidação do Sport quando desembarcou no Aeroporto do Recife para apitar o jogo do clube da Praça da Bandeira contra o Bangu, do Rio de Janeiro. A obra traz inúmeras imagens para ilustrar os personagens, acontecimentos e até mesmo mistérios que foram desvendados.

ENTREVISTA

Na conversa com Cassio Zirpoli, que, além de um dos autores, também é jornalista do Diario de Pernambuco, o papo sobre o livro foi aprofundado.

LUDUS: De quem partiu a ideia de fazer o livro? Como foi o começo do projeto?

Cassio: Não era algo que eu planejava fazer nem tão cedo. Começou com André Gallindo. Ele começou a pesquisa e viu que não dava conta de fazer sozinho, porque é uma pesquisa extensa. Ele ligou para Fred Figueroa, que hoje é o editor de redes sociais do Diario. Só que o estilo de Fred é parecido com o de André, uma parte mais literária, mas Fred me sugeriu. Eu já fazia o blog e, lá, esse tema é um dos mais populares. Encontrei com André em 2011 e de lá para cá a gente foi escrevendo.

LUDUS: Como vocês dividiram o que você ou André iria escrever?

Cassio: Eu fazia um capítulo e ele fazia outro. Ele fez tudo do Rio de Janeiro e eu daqui de Pernambuco. A gente trocava muito e-mail e Skype, então a tecnologia ajudou muito. Quem lê consegue até identificar os estilos. Ele é mais literário e eu sou mais quadradinho.

LUDUS: Você considera o livro um trabalho de investigação?

Cassio: Total. Esse livro é uma concessão. Se dependesse da gente não ia ter o livro todo. A quantidade de registros de jornais que estão aqui... o regulamento e a sentença original, de 1994, da Justiça Federal. Tem muitas reportagens de jornais do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Campinas e de Recife. Se dependesse dos documentos, o livro teria muito mais páginas.

LUDUS: Existe algum documento que vocês conseguiram e que nunca tinha sido divulgado?

Cassio: O regulamento. Acho que se você colocar no Google, não tem. A gente conseguiu na CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

LUDUS: Como está sendo a repercussão?

Cassio: No Rio, um diplomata escreveu um livro sobre o mesmo assunto e que o Flamengo terminava como campeão, e lançou no mesmo dia que a gente estava lançando aqui mo Recife, na Livraria Cultura. Então virou muito a comparação de ser livro do Sport e livro do Flamengo. Eu acho uma injustiça, pela apuração. O caso na justiça já foi julgado em todas as estâncias e nunca teve um resultado diferente. Jornalismo é fato. Eu acho que tem que ter discernimento do que você acha.

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