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O racismo no esporte

  • Poliana Simões
  • 28 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

A Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em maio de 1888. Décadas se passaram e, naturalmente, muitos negros vieram a se destacar no esporte, como Dayane dos Santos e Pelé. A discriminação racial é algo que, infelizmente, faz parte da história de várias modalidades esportivas em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Quando chegaram os esportes tidos como de elite, os negros foram excluídos. Até a década de 1950, alguns times brasileiros proibiam que os negros jogassem ou participassem de suas equipes, como era o caso do Grêmio. O primeiro clube a aceitar negros em seu time foi o Vasco da Gama.

Foi ao longo do século XX que os negros foram se inserindo nos esportes, mas sempre com o lugar pré-definido. Eram sempre jogadores. Nunca técnicos.

A escravidão ficou para trás, mas atitudes racistas ainda continuam vivas dentro da cabeça de alguns brasileiros. Essa discriminação é refletida nas atrocidades que acontecem cada vez mais nas modalidades esportivas.

Foto: Ed Machado/ Folha de Pernambuco

Um caso de bastante notoriedade aconteceu durante um jogo entre São Paulo e Quilmes (Argentina), no Morumbi, em 2005. O jogador Grafite, à época no tricolor paulista, se desentendeu com o zagueiro argentino Desábato e, durante a confusão que resultou na expulsão dos dois jogadores envolvidos, Grafite revelou que foi xingado de “negro de merda” pelo argentino.

“Fui o primeiro a chegar na delegacia. Em seguida, o Desábato com a comissão técnica. Sentaram próximo a mim e ficaram tranquilos. Rindo. Acharam que não ia acontecer nada. Para falar a verdade, até eu achei que aquilo era perda de tempo. Mas quando deu 6 horas da manhã, decidiram que ele ficaria detido”, relata Grafite. Mesmo 12 anos após o ocorrido, o jogador, atualmente no Santa Cruz, conta que foi muito triste passar por todo aquele constrangimento feito pela torcida e por alguns jogadores do time adversário.

A goleira pernambucana Bárbara, formada no Sport e que defende a Seleção Brasileira, também já sofreu com o racismo. O triste episódio ocorreu durante a Olimpíada no Rio. A atleta desabafou nas redes sociais, dizendo que chorou muito, mas que não tocaria no assunto com a imprensa.

Em março desse ano, o zagueiro do Flamengo Rafael Vaz foi um dos últimos a sofrer com o racismo. Após suposta má atuação na partida contra a Universidade Católica (Chile), pela Libertadores, internautas atacaram o futebolista.

“Na volta [para casa] eu não tinha visto meus amigos me mandando mensagem, força e tal - até porque depois dos jogos eu não costumo abrir redes sociais - e aí achei estranho, muitos amigos meus, familiares, mandando força, [dizendo para ter] cabeça no lugar e tudo mais. Fui abrir [as redes sociais], tinham umas 10 a 15 mensagens de pessoas me ofendendo, chamando minha filha de “filha de macaco”... Sendo que, poxa, minha filha tem hoje um ano e nove meses, né. Comecei a ver e a estudar a melhor maneira, porque, não existe, no Brasil, onde a maioria dos jogadores são negros, a gente passar por isso. Ainda mais no século XXI. Acho isso muito feio”, relatou o zagueiro Rafael, em entrevista ao Esporte Espetacular.

Segundo o Artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante relacionado a preconceito contra a etnia, raça, sexo, cor, idade, condição da pessoa idosa ou deficiente, é crime e prevê multa, mas a impunidade ainda prevalece.

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